Prólogo - Parte 1
14:31 | Author: Alécio Silva


O horizonte leste anunciava uma tempestade violenta. O mar, revoltado, agitava suas águas em imensas ondas que se quebravam agressivamente nos rochedos. As nuvens negras descarregavam relâmpagos no oceano, castigando quem estivesse em alto-mar. Apesar da longa distância que separava a costa litorânea do local da tempestade, era possível sentir o vento forte e feroz, como se um demônio poderoso o soprasse.
Do alto de um penhasco, com um olhar preocupado, um homem perdia-se em pensamentos. Ele trajava uma armadura prateada e bastante reluzente, feita cuidadosamente por um grande ferreiro e habilidoso artesão. Portava uma espada de tamanho médio, bem diferente dos gládios[1] usados por outros soldados e guerreiros de sua nação. Segurava na mão direita um pedaço de tecido branco e ensanguentado, uma lembrança de um ente querido.
Desde que o combate fulminante entre Hélade[2] e Romania[3] teve início, há exatos onze dias, cada lado teve uma grande perda. Milhares de mortos, um campo inteiro de corpos. Os deuses já não eram tão poderosos agora e nem tão unidos. Desde o momento que o Caos[4] foi libertado, naquela manhã infeliz, tudo o que os deuses construíram com tanto esforço após a Aliança[5] estava arruinado.



[1] Espadas usadas pelos antigos, de lâmina curta e de dois gumes.
[2] Nome original da Grécia Antiga. No contexto, é o continente onde vivem os helenos.
[3] Continente onde vivem os romanos, no contexto da obra. Não confundir com Roma.
[4] Também chamado de Abismo, é o elemento primordial de onde saiu o mundo, segundo a mitologia grega. Na obra, é a força que produz a desordem.
[5] A Aliança dos Deuses é um tratado universal feito por todos os deuses, selando a limitação de ações divinas em outros mundos, sobretudo a Terra, onde Jeová deve reinar onipotente.